A segurança é uma das principais preocupações em plataformas offshore. O uso de EPIs é imprescindível, além dos cuidados contra incêndios e da proteção para evitar a exposição à radiação.
Entre esses temas, a radioproteção é um dos que exige mais atenção. As consequências da exposição são graves, portanto, é fundamental entender o que é a radiação e como evitar os riscos.
Se você quer entender um pouco mais sobre o assunto, continue a leitura e entenda que ações tomar para garantir a segurança das equipes embarcadas!
Os tipos de radiação
Para começar a entender como a radiação funciona e de que forma ela age no organismo, precisamos compreender o que ela é.
A radiação é a emissão e propagação de energia que acontece por meio de partículas ou de ondas eletromagnéticas. Quando se diz que um elemento é radioativo, isso significa que ele espontaneamente emite essa energia. Há dois tipos de radiação:
- ionizante — que provoca saídas de elétrons dos átomos neutros, transformando-os em íons (cátions). É o caso das radiações alfa, beta e gama;
- não ionizantes — que não provocam esse efeito. Entre elas temos a luz infravermelha, a radiação do micro-ondas, as ondas de rádio e a luz ultravioleta.
As que mais preocupam por apresentarem maior risco à saúde são as radiações nucleares, que partem do núcleo de átomos instáveis. Elas transmitem energia a outros átomos e moléculas, causando mudanças em sua estrutura. No ser humano, o dano que mais preocupa é aquele que atinge a molécula de DNA.
Tipos de Radiação ionizante
A radiação alfa (α) é a emissão de pequenas partículas compostas por dois prótons e dois nêutrons. Por isso, é como se um átomo de Hélio fosse desprendido do elemento radioativo original. Elas são pesadas e têm carga elétrica, mas têm curto alcance e não são capazes de penetrar nossa pele.
Isso acontece porque, quando a radiação penetra nos tecidos, perde energia por colidir com as moléculas do corpo humano. Assim, ela vai enfraquecendo e, quando perde toda sua energia, para de causar danos. Por isso, o risco da radiação alfa diz respeito à sua ingestão ou inalação.
Já a radiação beta (β) é, basicamente, um elétron ejetado do núcleo. Ela também tem baixo índice de penetração no organismo, sendo que a maioria das partículas betas emitidas por fontes naturais não adentram sequer meio centímetro de pele e tecido. Portanto, assim como a radiação alfa, a beta também apresenta risco quando ingerida ou inalada.
A radiação gama (γ) é de natureza eletromagnética. Ela não tem carga elétrica ou massa e, por isso, é muito penetrante. Raios gama são capazes de passar através do corpo humano e de outras barreiras sem ter nenhum tipo de absorção significativa, ou seja, sem enfraquecer. Por isso, somente a exposição a ela já é muito arriscada.
Os principais riscos de exposição em plataformas offshore
Há, basicamente, três fontes principais de perigo nas plataformas offshore. Conheça-as!
Equipamentos de origem estrangeira
Nas atividades com petróleo, alguns equipamentos de extração e medição são nucleares. Ou seja, eles usam energia nuclear, que é originada de fontes radioativas. A maioria desses equipamentos é de origem importada e atende a padrões internacionais de segurança.
O problema é na entrada desses equipamentos no Brasil. Eles chegam pela faixa costeira, exatamente onde estão as plataformas offshore, e precisam de licença nacional para serem utilizados.
Esse licenciamento é feito pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Ela atua para tornar seguras as operações de materiais e equipamentos radioativos em território nacional. Por isso, é muito importante observar cuidadosamente as normas que ela publica, que ajudam a manter a segurança e a legalidade nas plataformas.
Quando os equipamentos nucleares chegam ao Brasil diretamente do exterior, muitas vezes não receberam o cuidado necessário para evitar a contaminação. Como a radiação é imperceptível (sem cheiro e sem cor), os operadores transportam e operam esses equipamentos sem saber que estão expostos à radiação.
Por isso, é fundamental treinar as equipes a seguir protocolos de radioproteção. Assim, elas estarão preparadas para receber esse tipo de material nas plataformas e embarcações.
Contaminação por NORM/TENORM
NORM e TENORM são materiais que naturalmente emitem radiação. Eles não são equipamentos, e o grande risco de contato é nas atividades normais do setor de petróleo e gás.
NORM significa Naturally Occurring Radioactive Materials (Materiais Radioativos de Ocorrência Natural). Já TENORM é a sigla para Technologically Enhanced Naturally Occurring Radioactive Materials (Materiais Radioativos de Ocorrência Natural Melhorados Tecnologicamente). Ou seja, é um NORM com radiação ionizante potencializada por processamento.
As regiões onde a exploração da matéria-prima ocorre é naturalmente caracterizada pela presença de materiais radioativos. Por isso, quando uma instalação offshore é feita, acumula material radioativo com frequência nas linhas, tanques e vasos, formando depósitos e incrustações nas paredes.
Assim, o risco de contaminação se dá durante a extração, transporte ou produção de petróleo e gás, que se acumulam nos equipamentos.
Por reduzirem a capacidade de produção da planta e dos sistemas de elevação e de escoamento, elas também aumentam as paradas para intervenções programadas, incluindo:
- limpezas;
- squeezes;
- troca de elementos etc.
Os custos dessas paradas são altos e prejudicam indicadores de produção e de eficiência operacional.
A maioria das contaminações acontecem nesses momentos de parada, quando os profissionais ficam expostos a uma grande quantidade de fontes, pois estão lidando com materiais radioativos diretamente.
E também é durante essas intervenções que há maior risco de inalação e ingestão, além da exposição em si. Cabe salientar que a contaminação interna é ainda mais perigosa e potencialmente fatal, pois tem efeito imediato nos órgãos atingidos. Já a exposição é mais arriscada quando acontece com frequência.
Embarque temporário de fontes radioativas
Nas atividades offshore, há a presença frequente de funcionários de empresas terceirizadas, que trazem seus próprios equipamentos para dentro das embarcações e plataformas. Um exemplo comum é a gamagrafia, que usa raios gama para detectar defeitos e rachaduras em partes internas de peças.
Os equipamentos de gamagrafia ficam embarcados com as equipes terceirizadas durante toda a operação, por ser pesado e difícil de manusear e transportar. Eles chegam e saem por balsas e containers, de forma programada, suspensos por guindastes.
É nesse momento que começam os riscos, pois no transporte podem acontecer acidentes que comprometam a integridade da fonte radioativa. O principal recurso de proteção é o treino para agir nessa situação, e os profissionais precisam ter noções básicas de radioproteção.
Além disso, a equipe médica e de segurança devem saber como proceder para prestar os primeiros socorros em incidentes envolvendo radiação e para delimitar as áreas contaminadas.
As normas técnicas envolvidas no processo
Em função dos riscos envolvidos nas atividades de perfilagem de poços de petróleo, há normas técnicas que exigem um serviço de radioproteção. São elas:
- NT 3.02/1988 — trata dos requisitos para implantar o serviço de radioproteção em instalações nucleares e radioativas;
- NT 3.02/2005 — estabelece requisitos básicos de radioproteção para a radiação ionizante;
- NT 5.01/1988 — define os requisitos de radioproteção para o transporte de materiais radioativos;
- NT 6.02/2014 — trata do licenciamento das instalações radioativas;
- NT 7.01/2016 — fala da qualificação de supervisores de proteção radiológica.
É importante conhecer todas e revisá-las periodicamente. Assim, você garante que as instalações offshore estarão seguras e atendendo aos requisitos legais para o setor.
As medidas para evitar contaminação
A melhor forma de evitar a contaminação é com um serviço de radioproteção eficiente. Isso inclui:
- ter um plano de radioproteção detalhado para todos os profissionais expostos;
- contratar empresas especializadas em treinamentos para radioproteção;
- estabelecer códigos de conduta para garantir a segurança de todos os profissionais embarcados;
- realizar treinamentos periódicos a respeito das normas técnicas e protocolos estabelecidos para a radioproteção;
- ter planos de radioproteção específicos, seguindo orientações da CNEN.
Em resumo, a melhor forma de proteger seu time é com informação. Eles devem estar aptos a identificar atividades arriscadas e tomar todas as medidas de proteção necessárias. Portanto, invista em treinamentos e mantenha uma rotina específica de preparação a cada troca de turma. Assim, os riscos de exposição à radiação vão diminuir consideravelmente.
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