A segurança offshore é uma das principais preocupações das empresas que atuam na área de petróleo e gás, devido aos riscos inerentes à atividade em alto mar. Por isso, é fundamental que as empresas e os funcionários estejam comprometidos com o tema.
Por meio da implementação de medidas de segurança eficazes e da cultura de prevenção de acidentes, é possível garantir um local de trabalho mais seguro para todos os profissionais da área e reduzir riscos ao meio ambiente.
Para se ter uma ideia, em suas auditorias operacionais em 2022, a ANP realizou 21 comunicados de não conformidades críticas, sendo 10 no ambiente offshore.
Além disso, a Petrobras foi multada 401 vezes pelo Ibama somente entre janeiro e setembro de 2021, gerando infrações na casa dos R$ 75 bilhões.
Neste artigo, iremos explorar o tema da segurança nas plataformas offshore, apontar as principais normas e legislações, bem como dar dicas de como manter a segurança da tripulação. Confira!
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Do que trata a segurança offshore?
A segurança offshore promove a proteção dos trabalhadores, do meio ambiente e das instalações em alto mar. Ela abrange uma série de medidas preventivas e protocolos, que vão da implementação de sistemas de alarme e treinamento adequado para emergências até a manutenção regular de equipamentos de segurança, como balsas salva-vidas e extintores de incêndio
Além disso, a conformidade com regulamentações e padrões internacionais, juntamente com a vigilância constante das condições climáticas e dos riscos operacionais, desempenha um papel vital na prevenção de acidentes e na promoção de um ambiente de trabalho seguro.
Normas e regulamentos de segurança offshore
A segurança em plataformas offshore é amparada por um conjunto de normas e regulamentos nacionais e internacionais, que determinam os requisitos mínimos para as operações marítimas. Confira as principais legislações:
Nível Nacional
NR-37
A NR -37 define os requisitos de segurança e saúde no trabalho para atividades offshore. O que inclui: plataformas fixas, unidades flutuantes de produção, armazenamento e descarga (FPSOs), embarcações de apoio offshore e outras instalações. Seu objetivo é prevenir acidentes, doenças ocupacionais e proteger o meio ambiente.
Principais Pontos da NR-37:
- Condições de Acesso à Plataforma: Define os requisitos para o acesso seguro à plataforma, incluindo exames médicos pré-admissionais e periódicos, treinamento específico e emissão de ASO (Autorização de Segurança Operacional);
- Condições de Vivência a Bordo: Estabelece padrões para alojamentos, alimentação, higiene, lazer e descanso dos trabalhadores em plataformas habitadas;
- Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva: Determina a obrigatoriedade de EPIs e EPCs adequados para cada atividade e a instalação de sistemas de proteção contra quedas, incêndios e explosões;
- Prevenção e Controle de Riscos: Define medidas para prevenir e controlar os riscos inerentes às atividades em plataformas, como vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões.
- Plano de Resposta a Emergências: Exige a elaboração e implementação de um plano de resposta a emergências, com treinamento regular dos trabalhadores para lidar com situações de risco.
- Saúde Ocupacional: Estabelece medidas para garantir a saúde dos trabalhadores, como programas de acompanhamento médico, promoção da saúde e prevenção de doenças ocupacionais.
- Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA): Assegura a participação dos trabalhadores na gestão da segurança e saúde no trabalho em plataformas.
NR-20
Entre as medidas de segurança offshore, a NR-20 trata dos requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra os riscos de incêndios e explosões em atividades que envolvam inflamáveis e combustíveis.
Principais Pontos da NR-20:
- Classificação de Inflamáveis e Combustíveis: Define critérios para classificar os produtos inflamáveis e combustíveis de acordo com seus pontos de fulgor e propriedades físico-químicas.
- Armazenamento: Estabelece medidas de segurança para o armazenamento de inflamáveis e combustíveis, incluindo requisitos para tanques, locais de armazenamento, sistemas de ventilação, sinalização e proteção contra incêndios.
- Manuseio e Transferência: Determina procedimentos seguros para o manuseio e transferência de inflamáveis e combustíveis. Tais processos englobam treinamento para os trabalhadores, uso de EPIs adequados e medidas para prevenir vazamentos e derramamentos.
- Instalações Elétricas: Garante os requisitos ideais para a instalação e segurança de sistemas elétricos em áreas com risco de incêndio e explosão.
- Equipamentos de Proteção Contra Incêndio: Verifica a necessidade de sistemas de proteção contra incêndio adequados, como extintores de incêndio, sprinklers e sistemas de detecção e alarme.
- Sinalização: Exige a utilização de sinalização de segurança adequada para identificar áreas de risco, produtos inflamáveis e combustíveis, equipamentos de segurança e rotas de fuga.
- Treinamento e Capacitação: Exige a obrigatoriedade de treinamento para os trabalhadores sobre os riscos de inflamáveis e combustíveis, medidas de segurança, procedimentos de emergência e combate a incêndio.
- Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR): As empresas devem elaborar e implementar um PGR específico para os riscos de incêndio e explosão, com medidas para identificar, avaliar e controlar os riscos.
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NR-13
A NR-13 estabelece os requisitos mínimos para a segurança e saúde no trabalho com caldeiras, vasos de pressão e suas tubulações.
Seus principais pontos envolvem a necessidade de:
- Inspeções periódicas;
- Manutenção preventiva;
- Registro e acompanhamento de dados operacionais;
- Critérios para qualificação de profissionais envolvidos na operação e manutenção desses equipamentos.
NR-6
Por fim, como medida fundamental de segurança offshore, a NR-6 define os padrões mínimos para o fornecimento, utilização e manutenção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em ambientes de trabalho.
Ela abrange desde a escolha e fornecimento do EPI adequado ao trabalhador até o treinamento, a higienização e a guarda do equipamento.
NORMAM (Autoridade Marítima Brasileira)
Trata-se de normas específicas para embarcações offshore, adicionando requisitos de construção, inspeção, operação e segurança.
Regulamento Técnico de Segurança Operacional (ANP)
Promove medidas para garantir a segurança das operações de perfuração, produção, transporte e armazenamento de petróleo e gás natural em águas brasileiras.
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Nível Internacional
Convenções da IMO (Organização Marítima Internacional)
Diversas convenções da IMO tratam da segurança offshore e marítima, como a Convenção SOLAS (Segurança da Vida Humana no Mar) e a Convenção MARPOL (Prevenção da Poluição Marinha por Navios).
Diretrizes da OIT (Organização Internacional do Trabalho)
A OIT publica normas internacionais sobre segurança e saúde no trabalho, incluindo o setor offshore.
API (American Petroleum Institute)
Desenvolve normas e padrões técnicos para a indústria de petróleo e gás, englobando a segurança offshore.
Como manter a segurança dos tripulantes?
Abaixo listamos as principais recomendações para garantir a segurança a bordo, baseada nas exigências das normas.
1. Faça treinamentos sobre o uso de EPIs
Cada área tem seus riscos e, a depender do tipo de atividade, é necessário que os profissionais usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados. A utilização obrigatória tem o objetivo de proteger o profissional e a própria empresa contra acidentes de trabalho.
Para conscientização e o uso correto dos EPIs, treinamentos e exemplos nunca são demais. Portanto, os gestores devem ser os primeiros a transitar com o EPI completo nas áreas de trabalho.
2. EPI básico para marítimas e offshore
Para as plataformas offshore, óculos de segurança, botas, luvas, capacete e protetor auricular fazem parte da lista básica de equipamentos de proteção individual. Além deles, também vale a pena citar:
- Coletes salva-vidas;
- Respirador;
- Macacão de peça única com capuz;
- Protetores faciais;
- Cintos de segurança;
- Roupas de imersão etc.
Entretanto, para cada profissional presente, podem existir itens específicos, dependendo da atividade desempenhada e da área de atuação — seja na perfuração, na exploração ou na manutenção.
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3. Dê atenção especial à radioproteção
O risco radiológico requer cuidados extras na segurança offshore. Nas plataformas, frequentemente, é preciso usar instrumentos nucleares, como medidores, que usam fontes radioativas.
A radiação é imperceptível — não tem cor nem exala cheiro — e muitos profissionais se expõem a ela sem perceber. Mas as consequências podem ser graves, com sérios danos à saúde.
Esses equipamentos nucleares devem, portanto, estar licenciados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Além deles, o embarque de fontes radioativas para serviços de gamagrafia também merece cuidado. Os equipamentos são pesados e transportados por balsas, em containers. Esse transporte pode afetar a integridade das fontes. Por isso, a equipe de segurança e o departamento médico devem ser treinados para atuar nessa situação, sabendo aplicar os primeiros socorros.
De modo geral, cabe aos responsáveis pela Segurança no Trabalho definir procedimentos para receber materiais nucleares nas embarcações. Como referência, vale a pena consultar o roteiro para elaboração de plano de radioproteção publicado pela CNEN.
4. Proíba o uso de equipamentos eletrônicos
Essa é uma dica básica para a segurança offshore. Nenhum equipamento elétrico ou eletrônico deve ficar na área de indústria. Também ficam de fora quaisquer instrumentos que não sejam certificados para uso em atmosferas explosivas. Portanto, as empresas devem proibir veementemente a utilização de:
- Lanternas;
- Computadores;
- Smartphones e celulares;
- Câmeras ou filmadoras etc.
Os rádios podem ser utilizados para comunicação interna.
5. Faça treinamentos contra incêndios
Outro assunto que pede treinamento e reciclagem periódica para manter a segurança offshore é o risco de incêndio, comum à indústria petroquímica, já que há materiais inflamáveis nas operações.
O grande problema do offshore é a possibilidade de incêndios e explosões em alto mar, e não em terra firme. Por isso, é fundamental treinar toda a tripulação para o combate de incêndios, independentemente de órgãos externos de apoio.
O foco desse preparo é a precaução, englobando temas como:
- Limpeza periódica de porões para evitar acúmulo de óleos e combustíveis;
- Manutenção e cuidados com equipamentos e instrumentos elétricos de uso em altas temperaturas;
- Organização do ambiente, evitando materiais comburentes (produtos químicos e inflamáveis, papéis e tecidos etc.) próximos de equipamentos elétricos;
- Proibição do uso de equipamentos elétricos em sobrecarga;
- Descarte de óleo usado na cozinha;
- Soldagem ou corte de materiais em dupla: enquanto um realiza a atividade, o outro dá apoio com o extintor de incêndio.
Esses são apenas alguns exemplos de ações práticas de prevenção que devem frequentemente ser trabalhadas pela equipe de segurança. O ideal é elaborar um roteiro ou uma lista de procedimentos para cada atividade diária da equipe embarcada.
Leia também: Indicadores de Segurança em Offshore — Como Avaliar e Garantir a Qualidade?
6. Cuide do relacionamento interpessoal da equipe
Equipes que trabalham embarcadas podem ficar submetidas a um nível de estresse bem maior que o de funcionários onshore. Por isso, o bom convívio, respeito e limites devem ser trabalhados preventivamente pela gestão de RH.
Os problemas de relacionamento podem desmotivar os times e prejudicar as atividades, colocando em risco a segurança de todos. Muitas pessoas que vão trabalhar embarcadas não têm ideia do que as espera: uma rotina diferente, cheia de exigências de segurança, e com prazos a cumprir.
Portanto, elabore um código de conduta que seja trabalhado com as equipes e renovado a cada troca de turma, contendo os seguintes pontos:
- Boa comunicação;
- Paciência e respeito com os demais;
- Capacidade de ouvir opiniões e sugestões;
- Importância de evitar piadas preconceituosas e brincadeiras que podem soar ofensivas;
- Força do trabalho em equipe;
- Respeito aos períodos de sono etc.
Quando um clima de parceria e respeito se instala, a equipe se une para alcançar os objetivos, e um favorece o outro no que diz respeito à segurança. Isso ajuda muito a reduzir o risco de acidentes.
7.Incentive a hidratação constante
A incidência solar nas plataformas offshore é muito alta, trazendo riscos de desidratação e insolação. Outro ponto a se trabalhar, portanto, é o uso constante de filtro solar e a necessidade de hidratação.
Incentive a utilização de garrafas de água (que não podem ser de vidro) e o controle periódico da hidratação.
Além dessa conscientização preventiva, é preciso treinar as equipes para identificar sintomas de insolação e desidratação, bem como ter uma preparação adequada para saber o que fazer nesses casos. Uma vez que situações graves de desidratação podem ser fatais.
De maneira geral, a insolação provoca queimaduras e ardência na pele e também dores de cabeça, náuseas e vômitos. Já a desidratação deixa o indivíduo com sensação de mal-estar, sonolência e fadiga, além de reduzir a diurese (eliminação de urina).
Converse com as equipes para relatar qualquer mal-estar para que os incidentes sejam tratados desde os primeiros sintomas.
8. Defina protocolos de convivência e segurança
No treinamento antes de cada turma embarcar, para fortalecer a segurança offshore, é importante ter um roteiro de procedimentos e cuidados. Como o tempo desgasta as primeiras orientações, elas devem ser sempre reforçadas pela gestão da equipe embarcada.
Portanto, oriente todos quanto aos seguintes cuidados:
- Não correr em escadas, usar o corrimão e transitar à direita;
- Consultar a Ficha com Dados de Segurança (FDS) antes de manusear qualquer agente dessa natureza;
- Dar atenção à movimentação de cargas e não ficar exposto a cargas suspensas;
- Respeitar a sinalização de isolamento de áreas;
- Manter roupas limpas nas áreas de lazer e alimentação;
- Alertar imediatamente o gerente sobre qualquer ocorrência capaz de comprometer a segurança ou a saúde dos colaboradores;
- Não fumar fora dos locais permitidos e apagar cuidadosamente o cigarro antes de sair.
Além desses cuidados, não esqueça os treinamentos e protocolos para os casos de incêndio, naufrágio, vazamento de óleo ou gás, homem ao mar, queda de aeronave, entre outros.
9. Contrate uma empresa especializada em logística para a troca de turmas
Manter os colaboradores trabalhando dentro das normas e de acordo com os protocolos é uma tarefa minuciosa. Sabemos que o RH tem muitas preocupações e uma imensa lista de questões a solucionar, a cada troca de turma.
Por isso, vale a pena considerar a contratação de uma empresa especializada em segurança offshore para promover o apoio logístico.
Um parceiro que coordene essas atividades complexas, demoradas e burocráticas e ainda lide com a documentação pode ajudar e muito as empresas do segmento. Dessa forma, é possível deixar a gestão de pessoal e a equipe de Segurança do Trabalho livres para focar em outros aspectos mais importantes para o perfeito funcionamento das atividades.
Um parceiro especializado, como a Copastur, se responsabiliza pela logística de embarque e desembarque. Veja o que faz parte do escopo de atividades:
- Aquisição das passagens aéreas e rodoviárias;
- Realização de transfers, inclusive para os treinamentos;
- Hospedagem;
- Agendamento e transporte para exames médicos;
- Logística e acompanhamento dos expatriados (police check).
Deixe as atividades burocráticas com quem já entende e domina o assunto. Isso favorece muito a segurança em plataformas offshore.
A Copastur atua fortemente com marítimas e offshore. Contamos com uma equipe de alto desempenho e trabalhamos exclusivamente com fornecedores qualificados.
Quer saber como podemos ajudar? Saiba mais a respeito do nosso atendimento offshore e entre em contato com nossos especialistas agora mesmo!